O PRESIDENTE DA UNITA, ISAÍAS SAMUKVA, DESTACOU RECENTEMENTE, EM LUANDA, QUE A SITUAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL DE ANGOLA É PREOCUPANTE, PORQUE O PAÍS ESTÁ A SER ENCAMINHADO PARA A INSTAURAÇÃO DO AUTORITARISMO, VIOLAÇÃO DO ESTADO DE DIREITO E DEMOCRÁTICO E A INVIABILIZAÇÃO DA DEMOCRACIA.
A UNITA MANIFESTA TAMBÉM A SUA PREOCUPAÇÃO PELA SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA EM QUE OS ANGOLANOS ESTÃO MERGULHADOS, CONSUBSTANCIADA PELA FALTA PERMANENTE DE ÁGUA POTÁVEL, ENERGIA ELÉCTRICA, DEFICIENTES SERVIÇOS NOS HOSPITAIS, FALTA DE CONDIÇÕES NAS ESCOLAS PÚBLICAS, ELEVADO ÍNDICE DE DESEMPREGO E OS ATRASOS SALARIAIS NA FUNÇÃO PÚBLICA.
Texto: Simão Pedro
Em declarações ao ChelaPress, o líder do Galo Negro mostrou a sua preocupação pela forma sistemática como os vários governos do MPLA têm gerido o erário público, o que tem permitido o desvio de somas avultadas, como vem espelhado no chamado caso BNA. Neste sentido, a UNITA apela para que a moralização da sociedade seja abrangente a todos os implicados neste caso, pedindo também as autoridades judiciais para que essas práticas sejam exemplarmente punidas.
O mesmo analisou a situação reinante em Cabinda e apela as autoridades para que os cidadãos detidos em Cabinda sem culpa sejam restituídos à liberdade.
Isaías Samukva dirigiu-se também à comunidade internacional no sentido de prestar mais atenção ao aperfeiçoamento da democracia e ao processo de reconciliação nacional em Angola. O líder do Galo Negro recomenda o ajustamento das estruturas do Partido e do Programa de Acção ao novo contexto político.
O presidente da Unita pediu aos militantes do seu partido para agirem de forma política para a salvaguarda da democracia em Angola. Samakuva aproveitou a oportunidade para felicitar as desportistas angolanas que ao nível do campeonato Africano de Andebol Feminino conquistaram para o país o décimo título continental.
SAMAKUVA PODE RECANDIDATAR-SE PARA O TERCEIRO MANDATO NO GALO NEGRO
Isaías Samukva, cujo mandato expira no próximo ano, indica que se pode recandidatar pela terceira vez. Referiu esta perspectiva em exclusivo ao ChelaPress, a quem concedeu uma entrevista recentemente, na capital do país.
“Eu poderei considerar isto”, referiu Samakuva, condicionando a eventualidade da sua recandidatura à grande solicitação dos militantes. Antes, ressalvou a sua própria vontade de sair.
“A minha vontade, já o disse publicamente, não seria a recandidatura. Não seria esta a minha vontade, mas sim sair”, disse.
Mas, prosseguiu, “eu sinto muitas reacções e da mesma forma que eu vim para o partido, para essa direcção do partido, portanto, por vontade dos militantes, se os militantes disserem que não, não deve sair e isto for a vontade genuína de uma boa maioria... eu repito bem, de uma boa maioria dos militantes, eu poderei considerar isto”.
Refutou também os detractores que o dão por acabado, em virtude do horizonte do fim do seu consulado estatutário, em 2011.
“Diz-se por aí que o Samakuva acabou porque os estatutos não lhe permitem, não é verdade. Os estatutos da UNITA não limitam os mandatos. Diz, sim, de 4 em 4 anos, renova-se o mandato”, opinou.
CAMALATA NUMA FALA DA CORRUPÇÃO
Ladeado por Gabriel Silvestre “Samy”, vice-presidente da bancada parlamentar do Galo Negro, e por Cláudio Silva, assessor jurídico da UNITA, Camalata Numa descredibilizou as instituições do Estado, apontando a alegada corrupção na governação como sendo o epicentro da má gestão da coisa pública. Apegando-se ao pronunciamento do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, sobre a “tolerância zero”, Numa disse que “só terá efeitos se houver transparência na governação e se se afastar o nepotismo no seio do Executivo governante”.
Camalata Numa é um dos quadros intermédios do partido. As acusações do secretário-geral, se provadas, são gravíssimas, mas seja como for, acrescentou a fonte, “deviam ser encaminhadas aos órgãos competentes para serem tratadas em fórum próprio, ou seja, no Parlamento ou numa outra instituição vocacionada para o efeito”, concluindo que as declarações poderão ter repercussões inesperadas, se não se provar o contrário.
JURA EM RENOVAÇÃO
Do actual executivo da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, só Osvaldo Júlio disse sim a pré-candidatura à direcção daquela organização juvenil, cuja renovação de mandato aprazada para Abril próximo, em Luanda.
O actual Secretário-geral da organização juvenil da UNITA, Liberty Marlin Chiyaka, permanece em silêncio em relação a sua recandidatura. Membros da JURA contactados pelo ChelaPress entendem a atitude como sinal de medo por não ter feito muito durante os quatros anos que esteve na direcção (não foram capazes de mobilizar e ter uma boa representação na Assembleia Nacional).
Há quem diga que tem receio de ser derrotado nas urnas e, por isso, recua e não avança para um segundo mandato, mas ainda nada está oficializado. Tudo pode acontecer!
Membro do actual executivo, Marta Solange, filha de catetes e ovimbundos, disse a este jornal que não vai avançar, mas não tem medo de ser chumbada nas urnas pelos militantes, argumentando que “temos o sentimento do dever cumprido. Tivemos muitas dificuldades e ainda assim o nosso trabalho foi realizado, que consistiu na expansão da JURA em todo o país”, gabou-se. A jovem representante do braço juvenil da UNITA afirmou que os militantes e a direcção do partido do qual é membro são da mesma opinião.
“Isso ficou expresso na última reunião que tivemos. Fomos elogiados”, reiterou.
Quanto a não assumpção de uma candidatura, não demorou e respondeu: “a minha idade é um impedimento. Angola rectificou a Carta Africana da Juventude, que veta os maiores de 35 anos de idade a candidatar-se para um cargo juvenil”, justificou.
“QUEREMOS SER A PONTE ENTRE AS AUTORIDADES E OS JOVENS”
Candidato asumido ao cadeirão agora ocupado por Liberty Chiyaka, Osvaldo Júlio, Secretário Nacional para comunicação, vai dizendo que há muita coisa por se fazer, mas o plano foi cumprido pela metade, contrariando Marta Solange.
“Penso que a JURA devia estar mais próxima dos jovens. Devia ainda reivindicar, junto das autoridades, uma atenção especial”, disse.
Para ele, a UNITA cresceu muito graças ao empenho da sua organização juvenil. Por isso, hoje a direcção do Partido é integrada por muitos jovens.
Acrescentou que a JURA devia ainda influenciar outros sectores da sociedade para a busca de soluções, sobretudo dos maiores problemas que afectam a juventude angolana. Desemprego, habitação, oportunidade de formação e emprego, são alguns problemas apontados pelo nosso entrevistado.
“Em relação a direcção do nosso braço juvenil, esperamos dar continuidade ao que foi bem feito, melhorar o que não foi bem feito e fazer o que devia ter sido feito”, garantiu, acrescentando que “pretendo tornar a JURA numa organização dinâmica, ou seja, fazer dela a alavanca da UNITA, tendo como objectivo os desafios dos próximos tempos, sobretudo as eleições de 2012”.
Liderar o movimento associativo é outro dos desafios deste candidato. Outra intenção consiste na aposta da formação para os jovens nacionais e a nível interno. Quando questionado como a JURA, organização de um Partido, pode influenciar na formação dos angolanos e se não passa de política, Osvaldo Júlio defendeu-se e disse que é possível influenciar as autoridades através do Conselho Nacional da Juventude.
“É possível que se criem condições para que a juventude tenha oportunidade e facilidade de estudar”, afirmou. No seu entender, é uma obrigação preparar os jovens para o futuro, seja de um ou outro partido, porque o objectivo é Angola. “Para as mudanças que se pretendem, é preciso apostar-se no homem”, enfatizou.
Uma das muitas apostas da pré-candidatura passa pela cooperação com organizações juvenis das igrejas, de luta contra o HIV-SIDA e de outras endemias.
Na mesma senda, disse que, caso seja eleito para a direcção da JURA, vai precisar do apoio da direcção do Partido para a materialização do programa traçado.
Estudante do 4º ano do curso de Sociologia pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UAN, Osvaldo Júlio é de Luanda, nasceu no município do Cazenga em 1978. A JURA tem neste momento quatro candidatos à sua direcção, nomeadamente Helda Eduardo Matos, Manuel Kamuary, Nfuka Muzemba e Osvaldo Júlio. Liberty Chiyaka é o actual Secretário-geral da Juventude Unida Revolucionaria de Angola (JURA), braço da UNITA.
UNITA REITERA NOVA CONSTITUIÇÃO
O vice-presidente da UNITA, Ernesto Mulato, defendeu, recentemente, como uma das prioridades do seu partido a execução de novas estratégias para garantir o voto dos angolanos.
“Precisamos gizar estratégias para garantir o voto dos nossos compatriotas. Esta é a acção principal que se nos impõe para termos êxito nas eleições de 2012”, disse.
Em declarações ao ChelaPress, Ernesto Mulato felicitou as mulheres pela luta em prol da igualdade do género e pediu aos militantes que respeitem a nova Carta Magna. “A Constituição já está aprovada. Vamos seguir a Constituição, mas batendo-nos para que na primeira oportunidade possamos alterar as coisas”.
UNITA ABERTA AO DIÁLOGO
Aos militantes afastados do partido disse-lhes que as portas da UNITA estão abertas. “Os membros afastados do partido que estejam arrependidos e queiram voltar, podem fazê-lo. Venham e vamos dialogar”, afirmou.
O coordenador da UNITA, Manuel Saviemba, disse que o seu partido continua empenhado na luta pelo aprofundamento da democracia, visando a igualdade de oportunidades.
Manuel Saviemba exortou os militantes e simpatizantes do partido a respeitarem a nova Constituição de Angola, promulgada recentemente pelo Presidente da República. Ao abandonar a sessão que aprovou a nova Constituição, a UNITA, frisou, cumpriu apenas com um princípio democrático e quis demonstrar que não estava de acordo com alguns artigos da Carta Magna. “Ainda assim vamos respeitar a Constituição”, reiterou.
O dirigente da UNITA lembrou que a democracia fortalece a unidade, promove a reconciliação, o perdão, aproxima os homens e eleva a unidade na diversidade. Saviemba defendeu melhor “divisão da riqueza para satisfazer a maioria dos angolanos”. A UNITA, disse, está sempre pronta para o diálogo, para a solução dos grandes problemas da nação.
PRESERVAÇÃO DA PAZ
A preservação da paz alcançada em 2002, é factor fundamental para a verdadeira democracia em Angola. “Quanto mais forte for a paz, verdadeira e consolidada será a democracia e o respeito pela convivência na diferença.