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domingo, 29 de abril de 2007

Angola e a Cidadania


Não sei se já repararam ou se atribuem a isso algum significado, mas muitos têm vindo a deixar de ser cidadãos para passar a ser simplesmente espectadores e manipuladores do conceito de cidadania. Até nos discursos.
Embora a cidadania seja um conceito antigo, muito antigo, e talvez por isso se preste a confusão, a considerações de que esteja tão datada que já seja coisa do passado, esta coisa de ver assimilados conceitos tão díspares que deixam qualquer um desiludido e muito triste.
É que a cidadania, nem que seja pelo historial demasiadamente longo, pela ligação com direitos e deveres, pela carga de responsabilidade social e do exercício activo desse estatuto que transforma cada cidadão ou indivíduo singular num membro de um sistema complexo como o nosso, que, localizando equilíbrios tão instáveis como todos, nos permite, ainda assim, a manutenção de uma identidade social que é maior que nós, e parece carregada de uma dignidade, porque somos seres de símbolos. Mesmo que depois se saiba que, enquanto indivíduos, só contamos mesmo para nós próprios e para os que connosco partilham a vida e interesses. Mas a cidadania implica solenidade, orgulho de pertencer a um lugar, um povo, de possuir uma história que, mesmo não sendo transcendente, tem o significado mítico de todas as heranças que nos chegam todos os minutos, horas, dias, meses e anos.
São muito poucos os que gravitam à volta do poder, que compõem as classes chamadas altas de Angola, que amam Angola. Que são cidadãos, angolanos de Angola.

“Por esta Angola raposas e ratazanas abundam”.

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