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quinta-feira, 15 de novembro de 2007


Os anseios de um povo em busca de um mundo novo

Texto: António Macedo
Uma nação é reflexo da capacidade de realização e, sobretudo, do carácter dos seus políticos, governantes, e demais agentes públicos. São eles quem determinam a grandiosidade e a solidez das instituições que compõem o Estado. Um Estado desprovido de bons exemplos e de práticas saudáveis do ponto de vista ético e moral, e que cultiva um corporativismo obscuro e inexplicável, que tem mais a ver com o truque diário que se faz em política do que com a realidade do que há a fazer, jamais alcançará os níveis de progresso desejáveis para galgar uma posição de real desenvolvimento.

Os angolanos sentem desalento e impotência ao observar que todos os esforços que empreendem em busca do desenvolvimento e da justiça se tornam insignificantes diante do desmando e da falta de valores morais e éticos expressos por grande parte dos agentes políticos.
Talvez exista uma receita que possa acabar com a realidade em que vivemos, porém, não parece que exista uma fórmula exacta para erradicar as injustiças que ainda assolam o nosso país. Talvez um primeiro passo para a mudança de rumo seja a valorização da consciência e a preservação da memória. No entanto, como provocar uma mudança de comportamento através da consciencialização dos nossos cidadãos se as instituições que dirigem e representam o Estado se degradam dia após dia? De que serve estruturar o Estado e assegurar-lhe receitas, se se ignora categoricamente que, entretanto, o povo, que esse Estado deve servir, permanece na escuridão?
Não podemos continuar a fechar os olhos para as incontáveis anomalias que assolam o nosso país.
Hoje em dia, nós, angolanos, parecemos percorrer um caminho de peregrinos em busca de um mundo novo, cansados de ver e de sofrer injustiças, desencadeadas pelo caos e falta de cumprimento dos compromissos supostamente assumidos pelos políticos face aos anseios do nosso povo, que permanece esquecido quase sempre, traído, à margem dos seus plenos direitos, que têm sido constantemente ignorados, arrancados e atirados para longe do seu grandioso sonho, enquanto nação soberana.No entanto, num tempo de descrenças, não deixo de contemplar a esperança nos olhos de um povo que permanece confiante em si mesmo, na certeza do seu enorme potencial, e que ainda acredita que pode fazer o seu próprio destino.

domingo, 29 de abril de 2007

Angola e a Cidadania


Não sei se já repararam ou se atribuem a isso algum significado, mas muitos têm vindo a deixar de ser cidadãos para passar a ser simplesmente espectadores e manipuladores do conceito de cidadania. Até nos discursos.
Embora a cidadania seja um conceito antigo, muito antigo, e talvez por isso se preste a confusão, a considerações de que esteja tão datada que já seja coisa do passado, esta coisa de ver assimilados conceitos tão díspares que deixam qualquer um desiludido e muito triste.
É que a cidadania, nem que seja pelo historial demasiadamente longo, pela ligação com direitos e deveres, pela carga de responsabilidade social e do exercício activo desse estatuto que transforma cada cidadão ou indivíduo singular num membro de um sistema complexo como o nosso, que, localizando equilíbrios tão instáveis como todos, nos permite, ainda assim, a manutenção de uma identidade social que é maior que nós, e parece carregada de uma dignidade, porque somos seres de símbolos. Mesmo que depois se saiba que, enquanto indivíduos, só contamos mesmo para nós próprios e para os que connosco partilham a vida e interesses. Mas a cidadania implica solenidade, orgulho de pertencer a um lugar, um povo, de possuir uma história que, mesmo não sendo transcendente, tem o significado mítico de todas as heranças que nos chegam todos os minutos, horas, dias, meses e anos.
São muito poucos os que gravitam à volta do poder, que compõem as classes chamadas altas de Angola, que amam Angola. Que são cidadãos, angolanos de Angola.

“Por esta Angola raposas e ratazanas abundam”.