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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O sonho da bola

Por: D.S.Chipilica Eduardo em Benguela

Sou do musseque, sou de um bairro de lata. O meu grande sonho foi ser futebolista, actuar em grandes relvado do país e não só. vestir a camisola dos palancas negras. Sentir as bancadas a vibrarem com os meus golos. No final das partidas a imprensa seguir-me para dar entrevistas e celebrar o maior contrato futebolístico, jamais celebrado em Angola e no mundo! Fruto da bola, ter uma mansão e vários “carrões”, enfim ter boa vida e quando terminar a carreira formar uma escola de futebol e ajudar os putos que têm amor pela bola.
No entanto, este meu sonho acabou por morrer, treinava eu no clube da “banda” Nigéria que mais tarde passou a chamar-se “doçura” por causa de umas “makas “, liderada pelo cota Russo. Eu era o “homem golo”. Admirado por quase todos, recordo-me que quando marcava e ganhávamos eu era o centro das atenções. Davam-nos sandes e gasosas, era a mais visível recompensa, mas para mim a verdadeira Vitória era a enchente nos campos (crianças, jovens e velhos), a dama caty nas bancadas inspirava-me em cada finta, passe, remate e golo. Era bué fixe assinar autógrafos . Ganhamos vários campeonatos em todos os bairros, um clube de invejar “grandes vedetas”, o pessoal dizia que a nossa equipa tinha futuro.
Em cada ano, o Igino, António Wey, Kupuia e eu fazíamos testes em muitos clubes federados, mas infelizmente não éramos admitidos. Diziam-nos “voltem o próximo ano”. Saíamos cabisbaixos pois sempre fracassávamos ... na nossa banda eramos queridos, o que se passava? Afinal havia outros critérios de seleção que não o talento, a criatividade, o saber jogar, mas sim o facilitismo, a familiaridade e os “trocos”. Uma vez não conseguiram afastar-me, preparei-me o suficiente, treinei todos os toques da bola, fiz um teste que nunca tirarei da memória. Marquei, fintei, passei, joguei e fiz jogar a equipa, o treinador rendeu-se as evidências e pediu-me para ficar, pensava eu que tinha chegado o meu momento de ser uma “estrela do futebol mundial”. Passei a treinar federado com os meus três cambas, que mais tarde também tiveram a mesma sorte, já que o clube doçura desfez-se e o treinador Dom Cai foi estudar em outra província de Angola.
A fama da bola tornou-me num namoradeiro e foi então que engravidei Angelina Katchilingue e Beatriz tumba, (não resiste a beleza de ambas!) era ainda juvenil e não tinha salário. Orfão de pai, a minha mãe já nos sustentava (quatro irmãos) e não podia com mais duas pessoas, e eu na qualidade de primogênito tive que abdicar dos campos e da escola (6ªclaase). A partir daí o horror passou a morar na minha vida. Tornei-me pedreiro, já não tinha a vida nas relvas, mas sim na “massa”. António Wey não conseguiu continuar era um grande central, dificilmente um ponta o passava, antecipava-se aos pontas, marcava cerradamente os seus adversários, era um miúdo promissor para o futebol, todavia o álcool arruinou a sua vida. No princípio não podia jogar sem beber, depois não podia passar um dia sem beber. Actualmente “joga no copo”. Dói-me! Igino ainda apareceu na seleção sub 20, pensou que já era “vedeta” não treinava e abusava do cigarro e das noitadas, resultado não aguenta sequer uma 1ª parte de uma partida de futebol. Kupuia tornou-se num grande jogador, um verdadeiro ponta de lança, tem faro de golo e está no can Orange Angola2010 pela selecção de Angola, ele não dançou a nossa música de mulheres e álcool, foi sempre um jovem que amou muito a bola e nunca a traiu nem arrumou os livros como nós. Por isso, meus compatriotas amigos da bola, sigam este exemplo e aos cotas apostem seriamente nos miúdos e jovens construindo escolas de futebol, massificando o desporto, ”projecto caça talentos” e os campeonatos inter-escolas.

Deslizamento de terras na Lunda Sul provoca pelo menos cinco mortos

Fonte: LUSA

Pelo menos cinco pessoas morreram em Saurimo, na província da Lunda Sul, em consequência de um desabamento de terras nas margens do rio Camacundo, anunciaram as autoridades locais.
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, a governadora da Lunda Sul, Cândida Narciso, confirmou as mortes e disse que as equipas de socorro continuam no local para averiguar se existem outras vítimas soterradas.
As autoridades já alertaram as populações no local para serem céleres a prestar informações sobre eventuais pessoas desaparecidas desde que o deslizamento de terras teve lugar, na quarta-feira (28/01/2010).

Bancários presos no Lubango

Por: Lino Wakuyava

A polícia na Huíla deteve dois funcionários bancários, implicados no descaminho de mais de 28 milhões de Kwanzas numa das agências do BPC – Banco de Poupança e Crédito, no Lubango. Tratam-se dos cidadãos Gidião Chaves Júnior e Daniel Ndulo Bioco, chefe de operações da instituição, que terão efectuado operações bancárias ilícitas. A ordem de captura incluiu o nacional Arão Dinho Elias, cliente da referida agência.
De acordo com o porta-voz do Comando Provincial da Polícia na Huíla, Superintendente-chefe Paiva Tomás, a Polícia Económica, em coordenação com a sua congénere de Luanda, deteve os funcionários bancários sob o mandato de captura por terem efectuado uma operação bancária com um cheque falso, com o objectivo de levantar 28 milhões e 856 mil Kwanzas. Segundos ainda a corporação, os homens serão brevemente presentes ao ministério público, para responderem as acusações que pesam sobre si.
De notar que em finais do ano passado, um outro funcionário bancário afecto ao BAI – Banco Africano de Investimentos, foi igualmente detido pela polícia, acusado também de desvio de altas somas em dinheiro.
Facto curioso: o envolvimento nos casos de roubo e falsificação de títulos bancários por parte dos quadros das instituições bancárias, nesta região, tem sido encarado com alguma preocupação por parte da sociedade local. Em menos de três meses, vários técnicos bancários foram parar à cadeia por acto similar, numa clara demonstração de que os funcionários bancários não se limitam a servir o público, mas aproveitam a sua condição de funcionário de bancos para abocanhar parte do leão, tal como o fazem algumas figuras afectas as instituições do Estado. As revelações do desaparecimento de valores nas contas bancárias dos clientes nalguns bancos privados e desistência de alguns quadros devido ao recurso de algumas técnicas comprometedoras de defraudação de operações bancárias, há muito que vêem sendo ventiladas na praça pública. Esta é apenas a ponta do iceberg.
As opiniões tendem agora, a aliar os assaltos bancários com a participação dos funcionários das próprias agências, sendo que a ânsia pelo lucro fácil não desencoraja a aventura dos funcionários bancários que se juntam a grupos de marginais altamente perigosos. Pelo que, o crime, afinal de contas, tem mesmo de ser combatido, entre os funcionários bancários.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Essa força do futebol capaz de unir um povo em torno de um único objectivo


A realização do CAN de 2010, que implicou um esforço considerável de investimento em infra-estruturas, nomeadamente na construção de novos estádios, foi uma aposta forte do governo de Angola não apenas por ser um acontecimento desportivo relevante, mas também por ser um evento sócio-cultural envolvente, uma oportunidade para nos unirmos em torno de um único objectivo, e uma excelente oportunidade para afirmarmos Angola, perante o mundo, como uma nação moderna e empreendedora, capaz de enfrentar e vencer grandes desafios. Esta é a dimensão do futebol, que ao longo dos tempos tem vindo a demonstrar que joga um papel importante na introspecção de valores, e o seu contributo para a construção de um mundo mais solidário.
Para além dos dirigentes e atletas das selecções envolvidas, Angola acolhe milhares de adeptos, vindos de vários países e de diversas culturas africanas, e também do resto do mundo. Na realidade, na sua essência, o futebol é uma festa dos povos, um “choque” de culturas, uma ocasião fantástica para afirmarmos a nossa condição de país hospitaleiro, aberto à colaboração com outras nações, que acolhe, dialoga e que partilha.
Os jogos do Campeonato Africano das Nações, Orange Angola 2010 têm oferecido, além do espectáculo dos atletas das respectivas selecções que participam na prova, alguns deles dos melhores do mundo, a beleza ímpar dos estádios, das cantorias, das manifestações de diversas culturas e das bandeiras desfraldadas.
A cerimónia de abertura, já considerada pelos quatro cantos do mundo como ao nível das melhores cerimónias já realizadas, o estádio cheio para galvanizar a selecção de todos nós, a festa nas várias artérias de todo o país, a multidão enchida de orgulho pelas cores que defende.
É de facto impressionante a enorme força do futebol para catalisar as massas, unindo as mais diferentes classes sociais num grito em uníssono pelas suas equipas. Esse desporto mediático que suscita paixões incontroláveis e que se tornou um dos fenómenos sociais mais marcantes do nosso tempo.
Essa força do desporto que por vezes é utilizada a favor da pacificação de sociedades que, durante 90 minutos, esquecem tudo e todos e mergulham num imenso mar de emoções, qual utopia, como se o que realmente importasse estivesse concentrado em meras quatro linhas. Esse futebol que é hoje um veículo formidável para unir os povos, promover a auto estima e a inclusão social.
Como é bonito, e também serve de exemplo para alguns que insistem em não perder o fato e a gravata mesmo nestas situações, ver o Chefe de Estado desprovido de preconceitos e completamente inundado pelo espírito de simples adepto. O rosto de alívio quando o Carlos defende a bola, a imagem de desalento quando o Manucho remata, mas a bola não entra, o orgulho quando o Mantorras entra em campo, o sofrimento pela lesão de Gilberto ou o salto de alegria pelos golos de Flávio.
Esta é a força do futebol que insiste em não pactuar com injustiças ou diferenças sociais, e chuta para fora todos os aspectos insignificantes (que não vale a pena fazer referência) com os quais convivemos diariamente.

FLEC ainda resiste, mas governo central decreta guerra ao grupo separatista


O ataque contra a selecção de Togo em Angola trouxe para a primeira página um dos temas tabu em Angola.
Existe ou não existe ainda resistência em Cabinda?
De facto, este acção já reinvidicada por uma facção do grupo Flec, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda, chamou a atenção da mídia internacional para o antigo movimento pela independência da província angolana de Cabinda.
Trata-se de um grupo pequeno e fragmentado de insurgentes que negam o direito de Angola de governar a província e que exige a independência.
O grupo, activo, de maneiras diferentes, desde a década de 1960, inicialmente lutou contra o colonizador de Angola, Portugal.
Quando Angola conseguiu a independência, em 1975, e Cabinda foi incluída no território do país, os rebeldes da Flec continuaram a lutar, a partir de então contra o governo de Luanda.
Segundo este grupo, o povo de Cabinda não foi consultado em 1975 quando a província foi anexada por Angola. A região está separada do resto do país por parte do território da República Democrática do Congo, sendo que nenhum grupo político no território aceitou o novo status de angolano.
A Flec vê o governo central como uma força de ocupação, da mesma forma como via os portugueses.
No entanto, o acesso a minérios também é um factor importante para o movimento que exige a independência.
Angola é um dos dois principais produtores de petróleo da África subsaariana e tem contratos lucrativos com países como os Estados Unidos e a China.
Boa parte do petróleo angolano vem de Cabinda, o que torna improvável uma decisão do governo central de conceder a independência.
Recuando na história, Cabinda está ligada ao reino do Congo, a Portugal desde o século XV e a Angola desde 1975, ano da independência nacional. O petróleo, principal recurso natural da província, entra em cena na década de 1950, e desde então é uma fonte de riquezas e de... problemas. Como é do conhecimento público, Cabinda também tem uma das maiores reservas florestais do mundo, mas continua a ser uma das províncias mais pobres de Angola.
Actualmente, fornece entre 60 a 80% do crude nacional, com cerca de um milhão de barris diários que possibilitam a Angola disputar com a Nigéria o título de maior produtor de petróleo africano. Em Agosto do ano passado, a Chevron (petrolífera norte-americana que controla 39% da produção do crude em Cabinda) anunciou uma "importante descoberta" de hidrocarbonetos líquidos e gás natural. Além da Chevron, operam em Cabinda a Sonangol-Agip Angola (41%), a francesa Total (10%) e a italiana Eni (9,8%).
Os grupos separatistas surgem pouco depois da descoberta das principais jazidas. Em 1963 decidem unir-se e adoptar as siglas FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda), organização pacífica até 1975. Em plena guerra civil, a FLEC decide fazer frente à ofensiva do MPLA, movimento marxista-leninista que põe termo à auto-proclamada independência de Cabinda e integra o território em Angola.
Em 2006, após uma nova ofensiva do MPLA – vencedor da guerra fraticida –, Angola assina um memorando que foi aceite por alguns rebeldes, mas uma parte do grupo rejeitou-o e refugiou-se nas matas. Desde então, a história da FLEC é a história de um movimento dividido.
Em Junho do ano passado, a Human Rights Watch divulgou um relatório de 27 páginas sobre detenções arbitrárias, torturas e outros abusos cometidos pelas forças armadas angolanas contra 38 civis em Cabinda, entre 2007 e 2009.
O ataque contra a selecção de futebol do Togo foi reivindicado, em primeiro lugar, pelo FLEC-PM (posição Militar), liderado por Rodrigues Mingas. O secretário-geral do FLEC-PM esclareceu que o ataque visava Angola e só por "puro azar" atingiu a equipa togolesa, provocando a morte de dois membros da delegação, do condutor angolano do autocarro em que viajavam e ferindo vários ocupantes do veículo.
Em declarações à "Lusa", Rodrigues Mingas afirmou que ainda conserva o passaporte português e que tenciona exilar-se em Londres, onde reside um irmão. Rodrigues Mingas che-gou mesmo a ameaçar com novos ataques durante a Taça Africano das Nações, Orange Angola 2010), o maior torneio africano que Angola organiza até 31 de Janeiro.
No entanto, o tenente-general Estanislau Miguel Boma, chefe da FLEC-FACU (Forças Armadas Cabindesas Unificadas), veio a público anunciar um cessar-fogo durante o período da Taça Africana das Nações, Orange Angola 2010. Quatro meses antes, Boma tinha reivindicado um dos últimos ataques deste braço armado da FLEC, que terá provocado a morte de 12 soldados das Forças Armadas Angolanas em Cabinda.
A representação da FLEC é reivindicada actualmente por N'zita Henriques Tiago, líder histórico da Aliança do Mayombe, exilado em França. O comandante António Lopes é o presidente da Frente de Libertação do Estado de Cabinda, denominação que responde a uma nova cisão do movimento fundado na Holanda em 1996.

População vive sem esperança - Macocola esquecido no tempo e no espaço e o povo vive como se estivesse na era primitiva

Por: Simão Pedro

Quem deixa o município do Quitexe para se dirigir para o norte da província do Uíge, por terra, encontrará a localidade dos macocolenses, uma povoação na comuna de Macocola, no município de Milunga, que fica a sul do rio kuilo. A população desta localidade está esquecida no tempo e no espaço e vive como se estivesse na era primitiva, em pleno século XXI, como pôde constatar o ChelaPress.
Da sede da capital da província do Uíge até ao local, percorrem-se 220 quilómetros, mas para o efeito é necessária uma viatura todo-o-terreno, doutra maneira as coisas tornam-se muito complicadas, pois para população da comuna de Macocola o tapete asfáltico ficou para a história.
Aquela população está isolada do resto do país, quer por falta de estrada, quer por comunicação telefónica. O sinal da televisão e rádio não é visto nem ouvido, por isso o termo “informação” não faz parte do divinatório daquela gente humilde e acolhedora.
O percurso é feito numa picada, aberta no tempo colonial, e como se pode imaginar, vivem dificuldades de vária ordem.
Uma das terras mais famosas a nível mundial na produção de café, infelizmente este fruto deixou de ser produzido, pois o ChelaPress constatou centenas e centenas de sacos de café a apodrecer nas residências dos camponeses. Mas não é só o café. Também a ginguba, mandioca, arroz, feijão, milho e tantos outros produtos que não conseguem escoamento devido essencialmente pela falta de tapete asfáltico.
As trocas comerciais são feitas como na era das “comunidades primitivas”, ou seja, troca direta de produtos.
De acordo com o soba da aquela localidade, João Kendisse, um quilo de sal é trocado por dois ou três baldes de ginguba. Uma barra de sabão equivale a cinco baldes de ginguba. A ginguba, a par do feijão, da mandioca e do azeite de palma, funciona como a moeda local.
No capítulo da educação, embora existam duas escolas, das quais uma de pau a pique construída pela população da comuna de Macocola, e outra de estrutura moderna com oito salas, algumas sem carteiras, erguida pelo governo do Uíge, lecciona-se apenas até a 6ª classe por falta de professores qualificados, de acordo com declarações feitas ao ChelaPress por André Nicodemos, encarregado de educação.
“Há um tempo atrás, Macocola tinha mais de dez professores formados pela organização Norueguesa ADPP, que davam aulas e que recebiam como compensação algumas quantidades de azeite de palma, mas por causa do isolamento e sobretudo do incumprimento do governo do Uíge que prometia inseri-los na função pública e nunca o fez, foram desaparecendo um por um, comprometendo desta forma o sonho de muitas crianças de continuar a formação”, deplorou.
André Nicodemos reforçou que os alunos que terminam a 6ª classe “têm que emigrar para a sede da província ou Luanda para concluírem os estudos”.
Continuando, acrescenta tam-bém que, devido a este facto, poucos são os jovens que permanecem na comuna. Na verdade, durante os dias em que a nossa reportagem permaneceu em Macocola, as crianças, os jovens e os idosos contavam-se pelos dedos.
Porém, o que retratamos até aqui é apenas a “ponta do iceberg” da realidade de quem teve o destino de nascer naquela povoação.
A cada instante, alguém trazia histórias desoladoras para nos contar, histórias que apenas os mais fortes conseguiam conter as lágrimas.
No que se refere a saúde, por exemplo, existe apenas um posto médico, mas não tem medicamentos nem médicos, apenas seis enfermeiros asseguram assistência médica para uma comuna que tem mais de cinquenta bairros.
A medicação é feita à base de árvores, as mulheres gestantes chegam a morrer por falta de um comprimido, para não falarmos do acompanhamento que não faz cultura naquela comunidade da província do Uíge.
Quanto a água, é outro problema. O único rio próximo da localidade, rio nsamba, fica há dez quilómetros, por isso, como alternativa a população consome água das cacimbas visivelmente impura. Tem cor castanha!
No meio de todo o clamor, em Junho de 1999 foi constituída a Associação dos Naturais e Amigos de Macocola (ANAMA), organização que tem feito o que pode para mudar o quadro, mas que, segundo os locais, não encontra cooperação por parte do governo local.
Dentre os projectos da Associação dos Naturais e Amigos de Macocola (ANAMA), destaca-se a reconstrução da comuna, com infra-estruturas modernas que comporta novo posto médico, escola, moagem e um Centro Social.
Segundo o regedor, Nunes Kadissonda, todas estas dificuldades são o “pão-nosso de cada dia”. Trocando por miudos, significa que a Associação tem apresentado sempre as dificuldades do povo à administração municipal de Milunga, mas desta apenas saem promessas, atrás de promessas.
Cansados com a situação, e alguns mesmo desiludidos com o governo, que segundo apuramos para o voto, em 2008, conseguiu fazer deslocar para esta localidade um helicóptero, aproveitaram a presença da imprensa para pedir ao governo do Uíge a resolução de questões como água, estradas, escolas e hospital que a comunidade necessita para o seu desenvolvimento.
Sobre os problemas levantados pela população local, o admi- nistrador da comuna de Macocola, Joaquim Chita, admitiu que não está alheio a realidade daquela povoação, ao mesmo tempo que reconheceu os esforços que têm sido empreendidos pelos Naturais da região.
No entanto, esclareceu que o governo tem prioridades e neste momento a prioridade é melhorar a estrada que liga a capital da província do Uíge a sede da comuna de Macocola. De seguida, as vias secundárias que vão ligar a sede comunal até ao município de Milunga e só depois é que vai olhar para as povoações.
Para o administrador comunal, os estudos feitos chegaram a conclusão que a solução de todos os problemas levantados passam pela reabilitação das estradas. Só assim é que os empreiteiros, professores, médicos e outros técnicos vão poder permanecer em Macocola.
De acordo com Joaquim Chita, os problemas não estão apenas naquela localidade. Em Macocola existem outras que desde as eleições legislativas de 05 de Setembro de 2008, que o MPLA venceu de forma esmagadora a nível nacional com 81 porcento de votos, nunca mais foram visitadas por falta de estrada.
O representante do governo fez questão de frisar que embora se sintam abandonadas não estão esquecidos.
“È um problema que se verifica em todo país e não se resolve num dia”, disse, acrescentando que “as máquinas estão a trabalhar e a seu tempo vamos chegar”.
Pelo menos mais de três mil pessoas, entre crianças, jovens e idosos, foram contemplados recentemente, em Macocola, com cestas básicas, contendo medicamentos, instrumentos de trabalho (limas, machados, catanas e enxadas), material escolar, equipamentos desportivos e brinquedos que foram distribuídos as comunidades dos bairros Boa Esperança, Vila Nova, Cuimba, Quibuca, Tio Manuel, São Paulo, Quinheca, Belo Horizonte e Braga.
Os naturais de Macocola procederam igualmente a entrega de bens alimentares (óleo, açúcar, leite em pó, sal de cozinha, farinha de trigo e massa de tomate), roupas e calçados usados, produtos de higiene, vinho, bem como dois geradores.
Em representação do grupo que efectuou uma excursão à região, Carlos António Maiala "Charles" referiu que a iniciativa inserida nas celebrações do ano novo e do seu programa de apoio aos desfavorecidos, visa incentivar a prática desportiva, agricultura e a educação.
A comunidade ali residente sobrevive de pequenas lavras familiares, de onde recolhem os viveres para o seu sustento. O estado precário em que se encontram “motivou-nos para esse gesto”, sublinhou o porta-voz da excursão dos naturais de Macocola, Carlos António Maiala "Charles".
Para o soba de Kiyeca, Manuel José, as grandes preocupações da comuna são a falta de hospital, meios agrícolas, estradas e escolas. No tocante a educação, os petizes percorrem mais de oito quilómetros a pé para frequentarem o centro escolar mais próximo.
“Esse acto de solidariedade é louvável, espero que continuem com esse trabalho, pois ainda existem muitas pessoas que necessitam de ajuda. E sendo esta a primeira vez que fomos beneficiados, apelo as outras organizações para que sigam o mesmo exemplo e nos ajudem na construção de escolas, hospitais e centros recreativos”, solicitou.
Por seu turno, Francisco Coxe, na sua alocução, assegurou que os Naturais de Macocola “estão sempre disponíveis para minimizarem as dificuldades sociais das famílias e o faz com muito prazer”.
A passagem dos Naturais de Macocola foi marcada pela realização de um culto ecuménico, almoço com a comunidade, bem como de um espectáculo musical onde actuaram os músicos Luck Simmol, Lito Dias, Negrão, Turbo de Almeida, Socorro e outros.
A comuna de Macocola limita-se com a sede do município de Milunga e a comuna do Huamba a leste. A oeste com o município dos Buengas, ao sul com o município de Sanza Pombo e ao norte com o município de Quimbele.
A sua dimensão é de 217 quilómetros quadrados. A população atinge cerca de quinze mil 400 habitantes e vive principalmente de agricultura e caça.

Universidade de Benguela - O QUE FALTA PARA A LICENÇA? O QUE DIZ O GOVERNO CENTRAL?

Por: Redacção Benguela

Será que o MPLA e o seu governo temem o ressurgimento de uma forte intelectualidade em Benguela com a legalização de mais uma universidade, ou esses impasses são provocados por candongas, compadrios e incapacidades da Secretaria de Estado do Ensino Superior?
Pelos vistos a tolerância zero (0) é mais uma mentira deste poder


Descobrir o cerne das questões enigmáticas do ministério do interior tornou-se um autêntico quebra-cabeças dentro daquela instituição e da sociedade angolana. O caso mediático que está a decorrer no Tribunal Provincial de Luanda, relacionado com o processo da direcção dos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME), onde a principal visada é Joaquina da Silva, está a deixar perplexos os nossos órgãos de justiça e levanta alguma trans- parência. Como instituição sob controlo de um organismo semi-militar, os documentos não seguem os trâmites normais e as ordens cobardes dos superiores hierárquicos via telefone têm que ser cumpridas, caso contrário as punições e exonerações caem que bombas.
Joaquina da Silva diz sentir-se traída pelos seus superiores e as acusações que recaiem sobre si, bem como aos seus subordinados, consubstanciadas num suposto desvio de fundos, são do conhecimento do ministério do interior como entidade patronal do SME.
Joaquina da Silva é o sujeito e predicado de uma acção? Se sobre si recai um crime que salvou situações intra-muros de um ministério que aloca verbas do governo para apoiar as instituições sob sua tutela, o paradoxo aparece quando a lesada aponta casos vergonhosos que revelam o ministério do interior como devedor “imperativo” de valores para suportar despesas de deslocação de várias delegações, hospedagens, alimentação e outros etecêtras que demonstram que o dinheiro do fundo de maneio do ministério foi mal gerido pelos consulados anteriores. Afastando-se desta questão mediática, recentemente a imprensa tomou conhecimento de que houve uma controvérsia ou baralho dos salários dos oficiais, sargentos e agentes do ministério do interior que sofreram uma purga diminutiva dos seus ordenados. Ficou patente que existe uma desorganização ou desconexão entre os órgãos que regem os recursos humanos, reconversão de carreiras e patentes.
Voltando ao caso em questão, é ponto assente que a antiga directora dos Serviços de Migração e Estrangeiros foi instrumentalizada pelos seus superiores, que subtraíram fundos que podiam ser do conhecimento interno.
Os consulados anteriores não deram a cara por temerem afrontas em Tribunais que podem comprometer os intentos do ministério e, sabe-se lá, até do Estado. Ao não aparecerem em público para a defesa ou condenação de Joaquina da Silva e seus colaboradores, surge mais um fato pronto-a-vestir, onde a manipulação de juízes, o tribalismo e outros ismos que vamos suportando, claudicam a incompetência, ontem servilista e hoje abandonada, acusada de crimes de peculato e outros, onde a corda sempre rebenta pelo lado mais fraco. Todos os intervenientes do processo SME foram ouvidos em Tribunal e todos descartaram a culpa e o crime sob o qual estão a ser ouvidos, apresentando provas de que grandes patentes do ministério estão envolvidas neste processo. Os nomes por intimidação ou respeito não foram apontados.
É caso para nos questionarmos: trata-se de mais um caso mediático como foi o do General Fernando Garcia Miala e seus colaboradores, onde as provas de insubordinação, golpismo, roubos de equipamentos de transmissões, incluindo telefones celulares, foram evocados, mas sem comprovação, ou trata-se de uma cabala de bufaria de gente idónea, mas com pretensões cobardes e egoístas ante um ministério que quer servir com transparência o bem comum? Os nossos Tribunais julgam processos-crime quando a si encaminhados com transparência, para não dar demasiado trabalho aos nossos magistrados.
Por incrível que pareça, este processo (mal investigado e encaminhado para as nossas procuradorias e Tribunais), não é da competência dos Tribunais de Justiça, mas sim do órgão de justiça militar, por se tratar de um caso ligado ao ministério do interior, intrinsecamente ligado a estrutura militar do país.
Foi assim engendrado o caso Miala. Em torno desta controvérsia, outras acusações e revelações poderão vir a ribalta. Se Joaquina da Silva e seus companheiros apresentarem factos concretos como cavalos de batalha, o Tribunal que está a levar avante o processo vai ter coragem de fechar o cerco contra outros coniventes para serem ouvidos? Dificilmente isto acontecerá, e se acontecer será inédito em Angola julgar-se um polícia de alta patente, pois o recente caso frescura deu a entender que a polícia é isenta de ser culpabilizada por qualquer crime, independentemente da natureza que for.
O veredicto final do processo SME é um sexo dos anjos para a justiça que se pretende em Angola, cabendo a antiga direcção desta instituição apontar o dedo contra quem pediu e onde levou o dinheiro, para que haja justiça e clareza. Afinal de contas, não há lei sem excepção e o ministério do interior converteu-se numa caixa de surpresas onde ninguém sabe quem é alguém. São questões policiais bem ao estilo de Agatha Christie que escreveu num dos seus romances policiais que “onde está envolvido muito dinheiro ninguém confia em ninguém”.
De referir que mais uma vez não se entende o porquê de se proceder a um julgamento onde existem supostas provas com audiências de testemunhas por serem ouvidas e a serem chamadas a conta gotas, o que dá a entender que o processo não foi concluído e a sindicância não apurou todos os dados para facilitar os advogados de defesa e outros intervenientes, o que demonstra claramente se tratar de um processo em estudo e não conclusivo. Cabe a magistratura do país analisar factos repetitivos como este, onde não podem estar a trabalhar precipitadamente instituições de justiça sem coordenação e completamente baralhadas, para de repente voltar-se ao princípio, quando devia ser o fim, o que causa uma certa morosidade em processos que depois tornam-se mediáticos ou mesmo engavetados.

A sequência de dossiers controversos - AS CABALAS DE UM MINISTÉRIO MISTERIOSO

Por: Mário Vicente

Descobrir o cerne das questões enigmáticas do ministério do interior tornou-se um autêntico quebra-cabeças dentro daquela instituição e da sociedade angolana. O caso mediático que está a decorrer no Tribunal Provincial de Luanda, relacionado com o processo da direcção dos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME), onde a principal visada é Joaquina da Silva, está a deixar perplexos os nossos órgãos de justiça e levanta alguma trans- parência. Como instituição sob controlo de um organismo semi-militar, os documentos não seguem os trâmites normais e as ordens cobardes dos superiores hierárquicos via telefone têm que ser cumpridas, caso contrário as punições e exonerações caem que bombas.
Joaquina da Silva diz sentir-se traída pelos seus superiores e as acusações que recaiem sobre si, bem como aos seus subordinados, consubstanciadas num suposto desvio de fundos, são do conhecimento do ministério do interior como entidade patronal do SME.
Joaquina da Silva é o sujeito e predicado de uma acção? Se sobre si recai um crime que salvou situações intra-muros de um ministério que aloca verbas do governo para apoiar as instituições sob sua tutela, o paradoxo aparece quando a lesada aponta casos vergonhosos que revelam o ministério do interior como devedor “imperativo” de valores para suportar despesas de deslocação de várias delegações, hospedagens, alimentação e outros etecêtras que demonstram que o dinheiro do fundo de maneio do ministério foi mal gerido pelos consulados anteriores. Afastando-se desta questão mediática, recentemente a imprensa tomou conhecimento de que houve uma controvérsia ou baralho dos salários dos oficiais, sargentos e agentes do ministério do interior que sofreram uma purga diminutiva dos seus ordenados. Ficou patente que existe uma desorganização ou desconexão entre os órgãos que regem os recursos humanos, reconversão de carreiras e patentes.
Voltando ao caso em questão, é ponto assente que a antiga directora dos Serviços de Migração e Estrangeiros foi instrumentalizada pelos seus superiores, que subtraíram fundos que podiam ser do conhecimento interno.
Os consulados anteriores não deram a cara por temerem afrontas em Tribunais que podem comprometer os intentos do ministério e, sabe-se lá, até do Estado. Ao não aparecerem em público para a defesa ou condenação de Joaquina da Silva e seus colaboradores, surge mais um fato pronto-a-vestir, onde a manipulação de juízes, o tribalismo e outros ismos que vamos suportando, claudicam a incompetência, ontem servilista e hoje abandonada, acusada de crimes de peculato e outros, onde a corda sempre rebenta pelo lado mais fraco. Todos os intervenientes do processo SME foram ouvidos em Tribunal e todos descartaram a culpa e o crime sob o qual estão a ser ouvidos, apresentando provas de que grandes patentes do ministério estão envolvidas neste processo. Os nomes por intimidação ou respeito não foram apontados.
É caso para nos questionarmos: trata-se de mais um caso mediático como foi o do General Fernando Garcia Miala e seus colaboradores, onde as provas de insubordinação, golpismo, roubos de equipamentos de transmissões, incluindo telefones celulares, foram evocados, mas sem comprovação, ou trata-se de uma cabala de bufaria de gente idónea, mas com pretensões cobardes e egoístas ante um ministério que quer servir com transparência o bem comum? Os nossos Tribunais julgam processos-crime quando a si encaminhados com transparência, para não dar demasiado trabalho aos nossos magistrados.
Por incrível que pareça, este processo (mal investigado e encaminhado para as nossas procuradorias e Tribunais), não é da competência dos Tribunais de Justiça, mas sim do órgão de justiça militar, por se tratar de um caso ligado ao ministério do interior, intrinsecamente ligado a estrutura militar do país.
Foi assim engendrado o caso Miala. Em torno desta controvérsia, outras acusações e revelações poderão vir a ribalta. Se Joaquina da Silva e seus companheiros apresentarem factos concretos como cavalos de batalha, o Tribunal que está a levar avante o processo vai ter coragem de fechar o cerco contra outros coniventes para serem ouvidos? Dificilmente isto acontecerá, e se acontecer será inédito em Angola julgar-se um polícia de alta patente, pois o recente caso frescura deu a entender que a polícia é isenta de ser culpabilizada por qualquer crime, independentemente da natureza que for.
O veredicto final do processo SME é um sexo dos anjos para a justiça que se pretende em Angola, cabendo a antiga direcção desta instituição apontar o dedo contra quem pediu e onde levou o dinheiro, para que haja justiça e clareza. Afinal de contas, não há lei sem excepção e o ministério do interior converteu-se numa caixa de surpresas onde ninguém sabe quem é alguém. São questões policiais bem ao estilo de Agatha Christie que escreveu num dos seus romances policiais que “onde está envolvido muito dinheiro ninguém confia em ninguém”.
De referir que mais uma vez não se entende o porquê de se proceder a um julgamento onde existem supostas provas com audiências de testemunhas por serem ouvidas e a serem chamadas a conta gotas, o que dá a entender que o processo não foi concluído e a sindicância não apurou todos os dados para facilitar os advogados de defesa e outros intervenientes, o que demonstra claramente se tratar de um processo em estudo e não conclusivo. Cabe a magistratura do país analisar factos repetitivos como este, onde não podem estar a trabalhar precipitadamente instituições de justiça sem coordenação e completamente baralhadas, para de repente voltar-se ao princípio, quando devia ser o fim, o que causa uma certa morosidade em processos que depois tornam-se mediáticos ou mesmo engavetados.